domingo, 25 de março de 2007

A autotranscendência

humm, que título indecifrável (para os que não costumam ter um bom dicionário próximo), afinal o que significa esse palavrão? Não é difícil entender, aprendi com Huxley, meu mais novo escritor favorito. A coisa toda começa com uma discussão sobre a condição humana. O fato é que todos nós temos um sentimento em comum, uma vontade primordial, um desejo incontrolável: ser algo além do que somos. Ninguém se contenta com o que é, ou seja, com sua condição de "animal racional" que deve seguir um padrão já estabelecido tradicionalmente pela própria natureza: nascer (...) morrer. Sendo que o espaço entre esses dois notáveis acontecimentos é preenchido de acordo com a herança cultural de cada indivíduo. Então nessa vida tem horas que você se cansa de si mesmo, é normal, você fica meio "putz, e agora que eu já to meio que mais-ou-menos consciente do que vai ser essa minha vida, será que não tem algo mais, não?" Quando você chega nesse ponto, você sente a necessidade da autotranscendência. Mas também não precisa ser uma coisa tão filosófica, pode ser naquela festinha, você tá lá meio de bobeira e tá achando tudo chato, sem graça. Qual a solução? autotranscendência! Pega uma cerva e pronto, vai saindo dessa prisão chamada consciência. Drogas são uma opção barata, é tipo um fast-food da autotranscendência, e como todo fast-food, implica problemas com a saúde. Além disso é apenas um efeito temporário que não provoca evolução nenhuma, e a dependência é um preço muito alto a ser pago. Meu conselho é: mantenha-se longe das drogas, e se me perguntarem qual delas considero a mais perigosa, direi sem pestanejar que é o álcool.

pausa para explicação

"nossa, mas qual o problema de se tomar umas e outras socialmente?" dirá o senso comum. E eu responderei: Esse! esse mesmo é o problema! Ninguém acha que é um problema e todo mundo acha normal umas biritinhas para desinibir ou relaxar. As cervejarias bombardeiam-nos diariamente com propagandas imorais onde tomar porres é ser descolado, o "beber socialmente" (se é que isso não passa de um eufemismo para "alcóolatra de ocasião") é considerado até mesmo elegante, e os que não o fazem são discriminados abertamente. Vivemos numa verdadeira ditadura do álcool e sinto que estamos nos afundando cada dia mais nesse lamaçal, é só analisar o crecente número de jovens que iniciam-se na bebida, seja por incentivo da própria família, mídia, ou "amigos"; até mesmo as mulheres, tragadas pelo lançamento de bebidas mais agradáveis ao paladar como as do tipo "Ice" já não estão alheias ao triste fenômeno. Nenhuma pesquisa científica sobre os efeitos do álcool no cérebro é divulgada consideravelmente (ressalva seja feita a Revista VEJA, com recente publicação que abordou o assunto, porém com a limitação "conveniente" de ser apenas nos jovens), a lei de proibição da venda para menores de 18 anos não passa de uma piada de muito mau-gosto, temos até mesmo um presidente que ao invés de dar o exemplo, é reconhecido internacionalmente pelo gosto pela bebida. Mesmo sem ter acesso a publicações científicas, podemos ter uma noção dos danosos efeitos que produzem uma droga que, em determinadas quantidades, chega a produzir até o estado de coma no usuário. E quantas desgraças não tiveram o consumo de álcool como estopim? Somente analisando os números relacionados aos acidentes automobilísticos já ficaríamos espantados, o que dirá os inúmeros crimes cometidos por sujeitos sob efeito desse entorpecente, devido não só ao seu fácil acesso, mas também a agressividade que muitas vezes acomete quem o consome, que digam as tantas esposas espancadas pelos maridos bêbados se estou mentindo.

Voltando ao assunto do título, as drogas são consideradas uma autotranscendência descendente, em outras palavras, que te levam para baixo, uma involução. Há também a autotranscendência horizontal, que por assim dizer, não te tira do lugar de fato, é apenas uma distração, algo de que necessitamos de fato e que não nos prejudica. Nessa categoria se encaixam o hobbies diversos, atividades como trabalho e lazer, etc. Por final e mais importante figura a autotranscendência ascendente, a que verdadeiramente produz no indivíduo uma elevação do ser, uma paz interior que não é apenas um chavão de livros de auto-ajuda, uma satisfação plena no viver que nos faz compreender em sua totalidade o próximo, e assim amá-lo. Para ser mais claro: Felicidade, plenitude, sabedoria. E como atingir esse estado?? perguntará avidamente o leitor que resistiu até esse ponto da leitura com interesse genuíno. Ahhh, aí é que está o problema. O como chegar não é conhecido, alguns dos que chegaram lá são: Jesus, Buda, Krishna... E o final do caminho só pode ser um: Deus.

2 comentários:

  1. "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguem vem ao Pai se nao por mim" Joao 14:6
    =D

    pq eu sempre concordo com vc? o.O

    ResponderExcluir
  2. me corrijo... em QUASE td, e QUASE sempre.

    ResponderExcluir