domingo, 18 de março de 2007

O empecilho chamado preconceito

Um dos grandes maus responsáveis pelo atraso do gênero humano é o preconceito, principalmente pela sua característica mais funesta: é difícil de se admitir preconceituoso. Então ele permanece invisível para quem o pratica, e não pode ser combatido, como uma doença incurável por não se ter conhecimento dela.

Refutar passagens da Bíblia é um exercício intelectual reconfortante. Apontar erros num livro que é adorado por inúmeros e fervorosos fiéis é saboroso para a auto-estima enquanto o questionamento coloca o questionador acima da média intelectualmente pelo fato de conseguir perceber o que tantos outros não conseguem; e ao mesmo tempo cria-se a ilusão convenientemente justificante de estar fazendo um bem para a humanidade, ao incitar um abrir de olhos, um profeta ao avesso almejando semear não uma crença, mas sua vazia antítese.

Os refutadores em sua esmagadora maioria são os chamados “simples”, por não disporem de maior material de pesquisa prendem-se ao caráter denotativo das passagens, o chamado "pé-da-letra", quase sempre o fazem por meio de superficiais interpretações contemporâneas que de forma alguma levam em conta a seleção limitadora do Vaticano, as transgressões sofridas pelos textos e o contexto psicossocial em que se situavam os autores de um livro que atravessou séculos sendo idolatrado por gerações, incluso grandes intelectuais.

Então temos os que refutam a Bíblia como um todo, não pelas passagens individuais que ela contém, mas sim pelo conjunto, numa afirmação pedante de que ela é em si um livro maléfico para o crente, como se a opinião pessoal sobre o caráter da influência que ela causa fosse suficiente para convencer alguém a abandonar sua Fé.

Por último, restam os refutadores lúdicos, que a despeito de toda a importância histórico-social reconhecida da Bíblia e de todo o respeito que ela inspira em multidões chegando muitas vezes ao ponto da veneração, rechaçam veementemente tanto das duas formas acima citadas como de qualquer outra que possa o denegridor encontrar para atingir seu propósito iconoclasta, numa atitude egoísta ao extremo da compreensão humana, um desrespeito absurdo pelo próximo. Marylin Manson, músico que costuma rasgar exemplares bíblicos em seus controversos shows é um deles.

Todos os exemplos que citei acima são frutos de uma forma velada de preconceito, ocorre quando as leituras da Bíblia não são feitas motivadas por uma perseguição filosófica ou sequer tentando compreender o fascínio que ela exerce nos fiéis, mas sim buscando avidamente qualquer incongruência histórica, qualquer passagem sombrias de entendimento ou trechos com incoerências textuais básicas. Nos versículos onde a personalidade de Deus é interpretada, os pseudo-leitores exaltam o caráter guerreiro do Deus do primeiro testamento, muitas vezes dando vazão a um precipitado ateísmo, enquanto passam batido pelas palavras de Jesus sobre o amor universal, aliás muitas vezes miram no máximo da ignorância interpretativa buscando comprovar que Jesus sequer existiu ou que era apenas um revolucionário semita de pouca expressão.

Buscar o compreender e aceitar o próximo, respeitando a Fé de cada um.
O preconceito gera ódio.

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